Poucos sabem que o automóvel moderno deve muito de sua existência à bicicleta.
Poucos refletem que, ao volante de um automóvel moderno, devemos muito... à bicicleta. O final do século XIX foi um tempo de revolução técnica: a humanidade descobriu novas formas de locomoção, e a bicicleta tornou-se o primeiro transporte pessoal em massa. A construção simples, mas elegante, inspirou engenheiros a criar máquinas que hoje são consideradas símbolos do progresso. Algumas conhecidas gigantes automotivas começaram justamente com bicicletas - e é graças a elas que temos marcas como Peugeot, Opel ou Škoda.
A Peugeot é um dos fabricantes de automóveis mais antigos do mundo, mas não começou com carros. Já em 1882, quando as ruas da França estavam repletas de carros de cavalos e cavaleiros, a Peugeot lançou sua primeira bicicleta - o "Grand Bi" com uma grande roda dianteira.
E apenas alguns anos depois, em 1889, apresentaram o primeiro triciclo a vapor, marcando o início da era automotiva da marca.
Curiosamente, as bicicletas Peugeot foram produzidas paralelamente aos carros durante quase todo um século, e só no final do século XX a empresa focou-se exclusivamente na indústria automotiva.
A empresa alemã Opel não começou como uma marca de transporte. Em 1862, Adam Opel fundou uma empresa para fabricar máquinas de costura. Em 1886, eles começaram a fabricar bicicletas e apenas em 1899 a Opel apresentou seu primeiro automóvel.
Em pouco tempo, a empresa tornou-se um dos maiores fabricantes da Alemanha - e foi essa experiência com bicicletas que lhe deu a base de engenharia necessária para o desenvolvimento automotivo.
Hoje, a Škoda é um dos principais fabricantes de automóveis da Europa, mas suas raízes estão em modesta oficina de bicicletas Laurin & Klement, fundada em 1895. Começando com reparos e montagem de bicicletas, após alguns anos a empresa iniciou a produção de motocicletas, e depois automóveis. Mais tarde, Laurin & Klement se juntou ao gigante de engenharia Škoda, e a marca tornou-se conhecida como fabricante de automóveis.
A empresa britânica Rover ocupa um lugar especial na história do transporte. Foi seu engenheiro, John Starley, quem, em 1885, desenvolveu a chamada "safety bicycle" - aquela conhecida bicicleta com duas rodas iguais e transmissão por corrente. Esta construção substituiu tão bem os "penny-farthings" que desde então tornou-se um clássico.
No início do século XX, a Rover começou a fabricar automóveis, e com bastante sucesso. Mais tarde, a marca tornou-se conhecida pelos modelos Land Rover e Range Rover, mas em 2005 a empresa Rover, como marca separada, cessou de existir.
A italiana Bianchi, fundada em 1885, é antes de tudo uma lenda do ciclismo. Poucos sabem que a empresa também fabricou automóveis. Em 1899, a Bianchi apresentou seu primeiro carro, e mais tarde - uma linha inteira de veículos, incluindo os de corrida.
O ramo automotivo se mostrou menos bem-sucedido, e na década de 1930 a Bianchi encerrou-o, concentrando-se inteiramente nas bicicletas.
A Humber é mais uma marca esquecida com um destino interessante. Fundada no Reino Unido em 1868, a empresa começou fabricando bicicletas e, em 1898, passou a fabricar automóveis. No início do século XX, a Humber era considerada uma das líderes da indústria automotiva britânica.
No entanto, com o tempo, a empresa perdeu sua posição. Em 1967, a marca foi definitivamente extinta após uma fusão com outras empresas automotivas no grupo Rootes.
Dos parafusos aos motores!
A história dessas marcas não é apenas um fato curioso do passado. É um testemunho vivo de como ideias e tecnologias evoluem passo a passo. As bicicletas não foram apenas a primeira escola de engenharia, mas também um campo de testes para experimentos: foi justamente em máquinas de duas rodas que se testaram construções de quadros, suspensões, freios, e até os primeiros sistemas de transmissão por corrente.
Algumas empresas, como Peugeot ou Opel, conseguiram transformar essa experiência em sucesso global. Outras ficaram na história, mas suas contribuições para o desenvolvimento do transporte são inquestionáveis. E a própria ideia da evolução - de uma simples bicicleta a um complexo automóvel - permanece um símbolo do progresso técnico, que continua a avançar, como sempre, sobre rodas.