Viagens de carro sem fronteiras: Quem e como superou o Gap de Darién

Todas as tentativas de construir aqui uma estrada completa ao longo das décadas enfrentam dificuldades intransponíveis.

14 de junho de 2025 às 12:18 / Retro

A Rodovia Pan-americana, oficialmente reconhecida pelo Guinness World Records como a estrada mais longa do planeta, atravessa toda a América — do Alasca à Terra do Fogo argentina. No entanto, essa majestosa faixa de transporte termina no local mais inesperado — nos densos bosques tropicais entre o Panamá e a Colômbia, onde reina o Gap de Darién.

Selva que resiste

O Gap de Darién é cerca de 160 km de florestas tropicais virgens, planícies pantanosas e colinas de difícil acesso. Todas as tentativas de construir aqui uma estrada completa ao longo das décadas enfrentaram dificuldades intransponíveis: altos custos, ecossistema único, protestos de populações indígenas e preocupações sanitárias. Uma das objeções fundamentadas à construção da estrada é o risco de propagação de doenças características da região sul para o norte do continente, bem como a facilitação do transporte de drogas da Colômbia.

Para os viajantes de carro que desejam atravessar o continente de norte a sul, Darién é um verdadeiro quebra-cabeça. A Rodovia Pan-americana termina na vila panamenha de Yaviza, onde os carros precisam ser carregados em barcaças ou navios para chegar por mar à cidade colombiana de Turbo. Houve tentativas mais ousadas: em 1995, a família Schrader contornou Darién em um veículo anfíbio no Mar do Caribe, manobrando entre os recifes e constantemente correndo o risco de ser pega por uma tempestade.

Mas o sonho de atravessar a barreira verde já encantava antes.

Primeira expedição: à beira das possibilidades

Em 1960, foi organizada a primeira tentativa séria de atravessar Darién por terra. O objetivo da Trans-Darien Expedition não era apenas aventura — os participantes deveriam chegar a Bogotá no Congresso Pan-americano de Construção de Estradas.

A expedição incluiu dois veículos off-road preparados: Land Rover Series II apelidado de La Cucaracha Cariñosa e Jeep CJ-5. A primeira tripulação, representando o Canadá, partiu de Toronto no outono de 1959 e chegou ao Panamá no início de janeiro de 1960. Lá, juntou-se a eles a equipe com o Jeep, representando o Subcomitê de Darién. Oito membros adicionais da equipe cuidaram da limpeza da rota, da organização das travessias e do transporte do equipamento.

A rota passava por trilhas apenas visíveis, atravessando densos arbustos, montanhas e dezenas de rios. Por dia, era possível percorrer apenas 4 a 5 quilômetros. No total, a equipe cruzou 180 rios e construiu 125 pontes de troncos de palmeira. Tiveram que enfrentar capotamentos de veículos, falhas de guinchos, perigos naturais e doenças. Mas após 134 dias, chegaram à Colômbia. Este foi o primeiro caso na história de veículos atravessando Darién por terra.

"Ousado Darién": em Chevrolets de passeio

Após esta expedição, em 1961 ocorreu um empreendimento muito mais ousado (e, na opinião de muitos, louco). Americanos, apoiados pela Chevrolet, decidiram seguir a mesma rota... em sedãs Chevrolet Corvair com tração traseira — um modelo urbano com motor traseiro e refrigeração a ar. Apesar da ausência de tração nas quatro rodas e do completo desapropriado para off-road, dois dos três carros chegaram à fronteira Panamá-Colômbia após 109 dias de viagem. Um dos Corvair danificados ficou abandonado na selva e mais tarde foi encontrado por uma expedição britânica em 1972.

Quem mais se atreveu em Darién?

Nas décadas seguintes, novos corajosos se dispuseram a desafiar o vazio verde:

Por que ainda não há estrada lá?

Apesar de décadas de discussões, a construção da estrada através de Darién continua em suspenso. As razões permanecem as mesmas: terreno complicado, ecossistema protegido (parte da região é uma reserva da biosfera da UNESCO), preocupações com migração e contrabando, bem como protestos de comunidades locais. A ONU e organizações ambientais já se manifestaram contra a extensão da Rodovia Pan-americana por essa região.

Darién hoje — um desafio para poucos

Até hoje, o Gap de Darién permanece como um símbolo de onde as estradas acabam e a verdadeira aventura começa. Continua a atrair exploradores, viajantes e entusiastas de off-road de todo o mundo, dispostos a arriscar tudo pela chance de percorrer uma das rotas mais intransponíveis do mundo.

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